Publicado em 11/06/2024
Daniel Drexler está em turnê de encerramento do seu nono disco, La voz de la diosa Entropía. Depois de passar por São Paulo, o artista uruguaio chega a Florianópolis no dia 12 de Junho para se apresentar na cidade pela primeira vez, no bar O Araçá - onde faz duas sessões, uma às 19h30 (com ingressos já esgotados) e outra às 21h30. Em seguida, faz shows em Curitiba (14), em Belo Horizonte (16) e Foz do Iguaçu (22) - Porto Alegre está com a data em suspenso por ora.
Para se despedir do álbum, ele apresenta um show solo apenas com seu violão. Em tempos de tantos recursos tecnológicos, Daniel se propõe a um novo formato de show: “não depender de programações, não depender de pedais, não depender de nada. É um desafio grande, eu estou com muito medo, porque, na verdade, é como subir nu num palco. É pior que subir nu. Eu poderia subir nu sem problema”.
E o processo de montar o show tem sido bastante rico: “Passei a mergulhar dentro das músicas com muito, muito foco: no jeito em que eu canto, no jeito que eu toco, no tempo em que eu toco essas canções e começaram a acontecer coisas muito interessantes, muito mágicas, como viagens com canções que já toquei mil vezes, mas que foram ganhando outras formas. Meu desafio, e não sei se vou atingir esse ponto, é conseguir fazer essa viagem em cima do palco e levar a plateia junto”, diz o artista que no álbum fala sobre a relação com o caos e a ordem e, consequentemente, a busca pelo equilíbrio.
La voz de la diosa Entropía
La voz de la diosa Entropía (Altafonte/Mapa Music) é o nono disco de Daniel Drexler, lançado em 2022. Com oito canções, o álbum transita entre o Pop, Candombe, Reggae e arranjos orquestrados. Drexler recebeu um dos principais prêmios da música uruguaia, o Prêmio Graffiti de la Música Uruguaya de Melhor Single Pop do Ano (2023) pela canção-título La voz de la Diosa Entropía, que conta com participação especial de Kevin Johansen, e Vitor Ramil em Y de pronto.
Fascinado pelo conceito científico e filosófico de que o mundo tende a desordem, o cantor personifica a conhecida lei da física em uma figura feminina e sagrada, que inspirou o caráter existencial do projeto. Em La voz de la diosa Entropía, ele reinventa o Olimpo dos deuses gregos e os substitui pelas grandes leis da física que regem o universo.
Médico de formação, conta que acompanha com entusiasmo o encontro entre arte, ciência e religião e revela: “foi a partir dessa intersecção que surgiu a ideia de falar de uma deusa. Como se a lei da física quântica, a lei da entropia, fosse uma deusa na verdade. Como se tivéssemos um Olimpo moderno onde, em vez de morar Zeus e Dionísios e Afrodite, ali moram a lei da Gravidade de Newton, a lei da Relatividade Especial de Einstein, a lei da entropia. E a lei da entropia é a deusa suprema. É como Zeus no Olimpo dos Gregos. Por quê? Porque não tem nenhuma outra lei da história da ciência que tenha um grau de consenso tão forte na academia. Praticamente todos os cientistas e filósofos falam que talvez essa seja a única lei da ciência que nunca vai deixar de ser certa. E é uma lei muito simples que diz: ‘As coisas, quando elas estão em liberar sua própria evolução, tendem-se a desorganizar’”, explica.
Questionado se ao chegar no final da divulgação do disco sente que o público compreendeu a mensagem do álbum, Daniel acredita que sim, até porque sentiu por parte das pessoas questões muito semelhantes:
“esse tipo de preocupação está muito presente. Qual é a relação que a gente tem com o caos? Qual é a relação que a gente tem com a ordem? Qual é o equilíbrio que cada um de nós tem que procurar para levar uma vida plena, para conseguir ao menos espaços de felicidade? A vida permanente tem que ter essa relação entre uma quantidade certa de caos e de ordem. E quando você atinge um equilíbrio preciso nessas duas quantidades, tudo começa a ser maravilhoso.
Mas ninguém tem a fórmula de qual é esse equilíbrio. É um equilíbrio que cada um de nós tem que achar. E é difícil de achar. E não é uma coisa que você atinge uma vez e fica para toda a vida. Não, não, não. Às vezes você consegue chegar ali, consegue morar numa situação maravilhosa. E dois, três meses depois você está de novo nessa angústia, nessa ansiedade de ui, não, demasiada ordem, não, demasiado caos, como consigo… É um equilíbrio dinâmico. E o que se fala de equilíbrio dinâmico é que você está o tempo inteiro se movendo. É como dirigir um barco. Você não vai em linha reta”.
Fazendo uma linha do tempo entre os primeiros shows da turnê, em 2022, até esta fase final, Daniel comenta: “acho que foi um processo que foi sendo levado até este ponto que eu cheguei agora. No início do disco, estava somente com o Martin Pisano me acompanhando no palco, ele toca teclado e dispara programações do Ableton. E também tem a particularidade de que, já desde os primeiros shows, não uso nenhum cabo. É tudo sem fio, aqui nos ouvidos e um microfone à minha frente. O violão também não está ligado. Ele está apenas microfonado. Então eu consigo uma naturalidade em cima do palco. Que se eu quiser parar e ir pra lá e cantar daquele lado e voltar para o outro lado, é muito natural. Tudo isso começou a acontecer nos shows de apresentação de La Voz de la Diosa. Acho que agora eu estou chegando como uma espécie de quando você faz uma destilação de cachaça e está procurando as gotas: estou chegando àquele ponto do máximo elixir”.
SERVIÇO:
Daniel Drexler @ O Araçá Botequim, Florianópolis
Data: 12 de Junho
Horário: 19h30 (esgotado) e 21h30
Local: O Araçá Botequim
Endereço: Rua Manoel Severino de Oliveira, 19 – Lagoa da Conceição – Florianópolis, SC
Ingressos: https://www.sympla.com.br/evento/daniel-drexler-uy-no-o-araca-florianopolis-sc/2471456