Aumento no comércio digital nos últimos meses não é mera força do acaso

Tais centros comerciais muitas vezes se tornam “calçadões” por onde milhares de pessoas passam, com lojas aninhadas umas às outra vendendo desde produtos de beleza até celulares de ponta.

O ponto comercial nessas zonas ainda é muito valioso para os lojistas, cujo ciclo de negócios afeta positivamente a geração de empregos em geral. Entretanto, as mudanças tecnológicas têm representado uma queda de paradigma para os empresários que insistem em permanecer somente na via “tradicional” de comércio físico, recusando o aspecto digital cada vez mais influente em nossa economia.

No passado, esses comerciantes conservadores conseguiriam sobreviver aos tempos atuais graças à quebra geracional, que divide consumidores de mais idade – que preferem ir à rua fazer compras – e pessoas mais jovens que já atendem boa parte das suas necessidades por meio do comércio online. Porém, o vão entre gerações está se reduzindo a cada dia que passa, com mais e mais consumidores optando pelas compras digitais, algo que não apresenta qualquer sinal de reversão.

Cada vez mais compras online em tempos atuais

De acordo com pesquisa realizada pela fintech Ebanx, que oferece serviços de meio de pagamento para grandes companhias – como Airbnb, Aliexpress e Spotify – no Brasil, a maioria dos consumidores do país vai manter ou aumentar seus hábitos de compra online nos próximos meses. Na pesquisa realizada entre 28 de abril e 4 de maio com 1.500 clientes, 52,3% dos respondentes que gastaram mais de 60 reais em compras online declarou que continuará a fazer compras digitais nesse volume ou que incrementará os valores dispendidos online. A grande maioria dos pesquisados – 92%, de acordo com a Ebanx – faz parte das faixas de classe A, B e C do país, ganhando entre 2 mil e 10 mil reais ao mês.

Streaming e jogos online em destaque

Plataformas de streaming e jogos online também têm recebido mais atenção nos últimos meses, com um aumento de 106% nestes serviços em março de 2020 quando comparado com o mesmo mês em 2019 segundo a Ebanx. Isso se explica em grande parte pelas “descobertas” do grande público e também de grandes artistas, que começaram a explorar cada vez mais o meio online, antes ocupado quase solitariamente por jogadores de videogame.

A Twitch, antes dominada por jogos como League of Legends, encontra-se atualmente ocupada por atletas e artistas internacionais. No YouTube, as lives e seus Superchats têm se tornado hábito no fim do dia, com shows de música e de humor podendo ser encontrados por lá. O streaming também é a tecnologia que nos possibilita acessar serviços como a Netflix, famosa por sua variedade de séries e filmes, e o já mencionado Spotify, célebre pelo seu preço altamente acessível e pela possibilidade de ser utilizado no celular, no computador, na televisão e até na geladeira – por meio da Family Hub, da Samsung.

No mundo dos jogos, consoles de videogame como o Playstation 4 ganham destaque graças à sua loja online. Nos PCs, a Epic Store e sua prática de oferecer jogos gratuitos a seus usuários, em uma tática clara de enfrentamento à Steam, tem expandido seu público cada vez mais ao longo dos meses. E os jogos que podem ser acessados via browser no PC e no celular, como as diversas modalidades oferecidas por plataformas como a da Betway Cassino Online – blackjack, roleta, entre outros tradicionais jogos de cassino – também têm angariado cada vez mais atenção em tempos recentes. Plataformas como esta não apenas disponibilizam os jogos online, mas também comentam suas regras e terminologia, além de oferecer diferentes versões para algumas das modalidades. Isso demonstra com clareza como o universo online vem suprindo em todos os níveis a necessidade de estarmos fisicamente presentes para realizar determinadas atividades.

Exclusão digital ainda é um entrave

Infelizmente, mesmo dentro do universo de compras online, nem tudo são flores. No Brasil, a desigualdade de acesso à internet ainda é um problema enfrentado pelo país. Em uma pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil, revelou-se que 74% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet. Entretanto, os 29% que sobram representam mais de 20 milhões de casas que acabam excluídas, com a região Nordeste tendo o maior índice de exclusão digital no país (35%). Outro problema é que 58% da população brasileira acessa a internet somente pelo telefone, com 85% destes sendo parte da faixa da população que vive com um salário mínimo.

A internet pode ainda não ser considerada um bem de importância vital, como água e energia elétrica, mas tanto aqui quanto lá fora movimentos sociais já têm buscado incluir o acesso digital como direito aos cidadãos, visto que em um mundo cada vez mais interconectado e com mais transações e relacionamentos sendo efetuados virtualmente a exclusão digital acaba de fato representando um dilema social.

Logo, o comércio eletrônico tem espaço para crescer não só dentro dos hábitos dos seus consumidores já regulares, mas também dos futuros consumidores, que certamente passarão a ter um melhor acesso à internet no futuro, não sendo mais considerados excluídos do âmbito digital por conta de problemas enfrentados pelo país. Quando estas últimas barreiras forem superadas, poucos serão os obstáculos no caminho do comércio online, que já demonstra grande força há anos e que deve passar a dominar os setores de varejo e atacado no Brasil.