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ARTIGOS

Quatro damas britânicas

Publicado em 22/02/2012





O império britânico sempre despertou as mais díspares paix?es. Para bem ou para mal, as histórias narradas pelas paredes dos palácios da Inglaterra ao longo dos séculos, sempre renderam extraordinários argumentos para grandes filmes. Poder, amor, traiç?o, conquistas, sexo e história s?o os grandes ingredientes para constituiç?o política da monarquia mais sólida e ? supostamente ? gelada do planeta. Ao longo dos séculos, quatro grandes damas britânicas se destacaram ? tr?s rainhas e uma primeira-ministra ? e suas biografias cinematográficas se tornaram sucessos retumbantes e clássicos instantâneos na telona.

Lançado em 1998, o filme ?Elizabeth? consagrou o talento incontestável da australiana Cate Blanchett, absoluta no papel-título da obra dirigida por Shekhar Kapur. Conquistou crítica e público e lançou luz sobre o período conturbado da história britânica, no século XVI, quando a filha bastarda do rei Henrique VIII, com Ana Bolena, assume o trono após a morte da meio-irm? católica Maria I e dá início ao glorioso Período Elisabetano, conhecido como ?A Era de Ouro?. No Oscar de 1999, Cate era a franca favorita ao pr?mio de Melhor Atriz, onde estava indicada ao lado brasileiríssima Fernanda Montenegro (?Central do Brasil?) e de Meryl Streep (?One True Thing?), Emily Watson (?Hilary and Jackie?) e Gwyneth Paltrow (?Shakespeare in Love?). A estatueta dourada do cinema foi parar nas m?os da insossa Gwyneth, uma das maiores injustiças da premiaç?o. Apesar dos delírios brasileiros de que Fernandona teria chances, a crítica era unânime quanto ao favoritismo e merecimento de Cate Blanchett.

Em 2006, o diretor britânico Stephen Frears foi brilhante ao conduzir a produç?o anglo-franco-italiana ?A Rainha? (?The Queen?), protagonizada pela veterana Helen Mirren no papel de Elizabeth II em seu período de reinado mais dramático: a morte da princesa Diana e os dias que antecederam seu sepultamento, quando a monarquia da Gr?-Bretanha quase caiu. A imers?o da atriz na composiç?o da personagem e sua caracterizaç?o davam ao espectador a real sensaç?o de que Sua Majestade estava em cena. A academia hollywoodiana se rendeu ? precis?o e ao talento de Mirren, que faturou o Oscar de Melhor Atriz em 2007, único pr?mio dado ao filme naquela noite, apesar das seis indicaç?es. Ainda assim, o coadjuvante Michael Sheen foi esquecido apesar de sua bela interpretaç?o do primeiro-ministro Tony Blair, o ?gato sorridente e midiático?, como diria a rainha-m?e, interpretada por Sylvia Sims, outra desprezada pele Oscar.

Dois anos depois, em 2009, o império britânico voltou ?s paradas de sucesso com o filme ?A Jovem Rainha Victoria? (?The Young Victoria?), do diretor canadense Jean-Marc Vallée. No papel-título, a talentosa atriz britânica Emily Blunt estava brilhante ? em amplo aspecto ? na difícil tarefa de humanizar a poderosa e conservadora rainha, que aos 17 anos de idade, viu-se diante de uma ferrenha luta por poder entre casas reais distintas e o parlamento ingl?s. O longa é magnífico. Mas a bela Emily, que já tinha ganhado aplausos por suas atuaç?es em ?O Diabo Veste Prada? (?The Devil Wears Prada?, 2006) e ?O Clube de Leitura de Jane Austen? (?The Jane Austen Book Club?, 2007), foi solenemente ignorada pelo Oscar 2010, em outra incógnita decis?o dos membros da academia. Engrossando o surreal caldo dos esquecidos ? que sequer foram indicados ao pr?mio ? est?o: Rupert Friend, impecável no papel do apaixonado príncipe Alberto de Saxe-Coburgo e Gota; Miranda Richardson como a ambiciosa e possessiva Duquesa de Kent; Harriet Walter (divina!) como a rainha Adelaide; e o veterano Jim Broadbent em magistral interpretaç?o para o senil rei William IV.

Eis que, no próximo domingo, dia 26 de fevereiro de 2012, o Oscar de Melhor Atriz provavelmente será entregue ? Meryl Streep por sua monumental interpretaç?o da primeira-ministra britânica Margaret Thatcher, na produç?o franco-inglesa ?A Dama de Ferro? (?The Iron Lady?, 2011), dirigida por Phyllipa Lloyd. Considerada a maior atriz de todos os tempos ? 18 vezes indicada ao Oscar (venceu duas vezes, até hoje) e 26 vezes ao Globo de Ouro (venceu oito, incluindo o pr?mio pelo filme atual, em janeiro) ? ?Meryl Streep é um assombro no papel?, como bem descreveu a crítica de cinema Isabela Boscov, da revista Veja, concluindo: ?uma interpretaç?o lapidar, cravando-a tanto nas minúcias quanto na impon?ncia?. Se Meryl n?o levar a estatueta, teremos mais uma ?oscarizada? injustiça, apesar do calibre de suas concorrentes: Glenn Close (?Albert Nobbs?); Viola Davis (?The Help?); Rooney Mara (?Millenium ? The Girl With The Dragon Tattoo?); e Michelle Williams (?My Week With Marilyn?). Por absurdo, novamente o mestre Jim Broadbent n?o foi sequer indicado pelo papel de Denis Thatcher, o marido da extraordinária e complexa Dama de Ferro, alcunha histórica dos soviéticos para a convicta primeira-ministra.

Por fetiche ou curiosa paix?o, por controversa ironia ou esnobe ilus?o, o público sempre se rende aos encantos do luxo mazelar da monarquia britânica, seja na vida real estampada nas manchetes dos famigerados tabloides, seja em seus retratos cinematográficos, em geral pol?micos por findar pela humanizaç?o de figuras t?o míticas. N?o por acaso, a Sétima Arte reserva essas personagens aos seus astros mais brilhantes e talentosos. Cate Blanchett, Emily Blunt, Helen Mirren e Meryl Streep cumpriram com maestria a árdua empreitada de interpretar as quatro maiores damas britânicas que ? cada uma em seu tempo ? mudaram os rumos da história do Reino Unido e ? por que n?o?! ? da política mundial.

HELDER CALDEIRA
Escritor, Jornalista Político, Palestrante e Conferencista
www.heldercaldeira.com.br - helder@heldercaldeira.com.br
+55 (65) 3336-2944









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