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Florianópolis, 19/04/2024




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Pesquisadores de SC ajudam a construir primeira lista de fungos ameaçados do país

Publicado em 18/01/2022


Fotos: Divulgação
Pesquisadores de SC ajudam a construir primeira lista de fungos ameaçados do país



Das 30 espécies ameaçadas, 10 podem ser encontradas no Parque Nacional de São Joaquim

Quando se fala em fungos, muitos não se dão conta da importância destes seres para o funcionamento dos ecossistemas terrestres. Eles são fundamentais e atuam em diversos substratos  como degradadores primários da matéria orgânica.

Por conta destas e outras características, a pesquisa que está sendo construída por pesquisadores de Santa Catarina é extremamente relevante. Ela é realizada pelo grupo de pesquisa MIND Funga da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e lista cerca de 30 espécies ameaçadas por todo Brasil, sendo que 10 podem ser encontradas no Parque Nacional de São Joaquim, localizado na região serrana de Santa Catarina.

Os fatores preponderantes para as espécies estarem ameaçadas estão relacionados com o declínio populacional e redução de habitat, segundo o pesquisador Kelmer Martins da Cunha, do Programa de Pesquisas em Biodiversidade de Santa Catarina (PELD-BISC).

Os fungos desempenham um papel importantíssimo também através de suas relações ecológicas com plantas e animais. “Não tem como imaginar plantas sem fungos”, completa Kelmer.

Esta afirmação se dá, entre outros fatores, por conta de os fungos estabelecerem íntimas relações com as plantas e, assim, ajudarem na captação de nutrientes e também em seu processo de defesa.

A ameaça destas espécies pode impactar todo o “caminho” da matéria orgânica e uma série de interações ecológicas que garantem a estabilidade dos ambientes naturais. Mesmo com toda essa importância dos fungos para os ecossistemas, ainda  há muito para se descobrir  sobre estes seres vivos. 

“A falta de micólogos atuando na conservação faz com que as pesquisas do tipo não sejam realizadas com frequência, e também o fato de que os fungos não recebem atenção da  sociedade ecultura, se a comparação for feita com outros seres, como os mamíferos, por exemplo, contribui para que estes organismos sejam neglicenciados.

No Brasil tínhamos antes somente duas espécies de fungos na lista vermelha global da IUCN, sendo que a nível nacional não possuímos nenhuma lista de espécies ameaçadas.

No mundo, das 142.577 espécies que constam na lista vermelha global da International Union for Conservation of Nature (IUCN), somente 543 são de fungos, ou seja, 0.4%.”, ressalta o pesquisador.

Atualmente o grupo de pesquisa está se mobilizando para alterar o cenário de esquecimento dos fungos. O MIND.Funga organizou, sob a coordenação do professor associado da UFSC Dr. Elisandro Ricardo Drechsler-Santos e do pós-doutorando Dr. Diogo Henrique Costa Rezende, um workshop que capacitou 18 micólogas e micólogos brasileiros no processo de avaliação do grau de ameaça de extinção das espécies de fungos. A partir da iniciativa, cerca de outras 50 espécies entrarão para a primeira lista brasileira de fungos ameaçados de extinção.

O estudo conta com o apoio do Programa Ecológico de Longa Duração de Pesquisas em Biodiversidade de Santa Catarina (PELD BISC), que investiga como as mudanças no uso da terra e fatores relacionados às mudanças ambientais influenciam a estrutura dos ecossistemas terrestres e aquáticos da Mata Atlântica do Sul do Brasil.

O projeto atua no Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ), que abrange as cidades de Bom Jardim da Serra, Grão-Pará, Lauro Müller, Orleans e Urubici, e no Parque Estadual da Serra Furada (PAESF), localizado entre Orleans e Grão-Pará, tendo coordenação do professor Selvino Neckel de Oliveira.

Veja os fungos em risco encontrados no PNSJ:
 

Aegis luteocontexta: Considerada rara, a espécie foi descoberta há cerca de 18 anos e pode ser encontrada em madeira morta e causa podridão branca;

 

Antrodia neotropica: Espécie arbustiva que ocorre em regiões de transição entre campos e florestas em áreas de montanha da Mata Atlântica. Ela é ameaçada por fatores antropogênicos, especialmente pelas queimadas causadas pela criação de gado e mudanças climáticas, o que faz da espécie Vulnerável;

 

Cinereomyces dilutabilis: Decompositora de madeira. Apesar de possuir somente 12 registros, espera-se que a espécie ocorra ao longo dos fragmentos de Mata Atlântica no Brasil e em outras áreas de floresta tropical seca na América.

 

Fomitiporia nubicola: Fungo degradador de madeira, encontrada até o momento crescendo exclusivamente em árvores vivas e troncos mortos de Drimys angustifolia;

 

Laetiporus squalidus: Espécie de fungo sapróbio e lignícola, que causa podridão marrom. Até o momento existem somente dois registros da espécie, ambos em ambientes de altitude, localizados em Floresta Ombrófila Densa da Mata Atlântica e em floresta nebular;

 

Meruliopsis cystidiat: Fungo sapróbio e lignícola, que tem como substrato espécies vegetais bambusícolas e arbóreas. Existem até o momento somente três registros da espécie, em diferentes localidades. A espécie foi encontrada no centro da Amazônia, na região norte do Brasil, e em outras duas localidades na região sul do Brasil;

 

Skeletocutis roseola: Espécie de fungo poliporoide degradadora de madeira, que causa podridão branca em troncos mortos de angiospermas. A espécie possui somente 30 registros de 9 diferentes localidades, todas restritas ao sul e sudeste do Brasil, em áreas de Mata Atlântica.

 

Wrightoporia araucariae: ungo saprotrófico degradador de madeira. Até o momento foi encontrada crescendo somente em troncos mortos de Araucaria angustifolia, o que dá origem ao seu nome. Existem somente 5 registros da espécie em duas localidades diferentes, ambas na região sul do Brasil. Acredita-se que a espécie é rara, já que ocorre em regiões de grande esforço amostral e possui poucos registros;


Wrightoporia porilacerata: Decompositor de madeira que causa podridão branca. A espécie possui somente três registros, todos para a região de Mata Atlântica do sul do Brasil. Dois desses registros são para florestas da costa Atlântica (Floresta Ombrófila Densa) e um para floresta nebular/Floresta Ombrófila Mista. Espera-se que a espécie seja endêmica da região sul da Mata Atlântica, ocorrendo do estado de São Paulo até o estado do Rio Grande do Sul.



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