Publicado em 14/05/2018
Um espaço com decoração vintage e cheirinho de casa de vó. Essa é a melhor descrição para o novo Café Cultura em Florianópolis, instalado a poucos metros do antigo local na Lagoa da Conceição.
Conversamos com Carlos Zilli, um dos novos sócios, sobre essas novidades. Com larga experiência na área de varejo, com passagens pelas também catarinenses Hering e Imaginarium, Carlos buscava um novo ramo para empreender e, foi tomando um cafezinho que veio o start “O café tem uma coisa legal que gera recorrência e tem volume. Além de um bom café você não abandona.”
Foi assim, que decidiu mergulhar no café e juntando forças com Nanina Rosa e Cecília Rosa, que juntos alcançaram sucesso na Imaginarium, com Gustavo Rosa, da Arvus Tecnologia e com os fundadores do Café Cultura, Luciana Melo e Joshua Stevens.
O casamento perfeito, entre a expertise empresarial de Zilli, a criatividade de Nanina e Cecília, e o viés empreendedor de Luciana, Joshua e Gustavo, sendo considerado como um dos pilares do diferencial da marca.
“Estamos nos preparando para enfrentar o Mercado Nacional nesse primeiro momento com um formato diferenciado e uma equipe experiente e preparada, onde temos três pilares, os quais entendemos que sejam esses nossos diferenciais competitivos. Primeiro, temos na origem do nosso café uma fazenda certificada e que já está na quinta geração - a Fazenda Recreio State Coffee -, com capacidade produtiva para atender nossa expansão. Segundo, é a história e reputação do nosso café. O Café Cultura tem 14 anos, 10 títulos como melhor café de Santa Catarina e está entre as 20 melhores cafeterias do Brasil. Os fundadores, Luciana e Joshua, criaram um negócio consolidado. E terceiro, é o nosso time de pessoas, que junta criatividade, espírito empreendedor e espírito empresarial, todos com muita bagagem e história para contar. Esse casamento será bacana, porque cada um vem com uma experiência para acrescentar e cada um com suas funções bem definidas.”
A expansão da marca Café Cultura
O Café Cultura, além da sede na Lagoa da Conceição, conta franquias em Florianópolis e também em outras cidades do estado, como Balneário Camboriú, Criciúma, São José e Tubarão.
Com o novo modelo de negócios, a ideia é expandir ainda mais a marca Café Cultura e em diferentes modelos: Café completo, Café reduzido, Quiosque, Kombi, Carrinho. Atendendo a diversos públicos e empreendedores.
“O café tem grande potencial de crescimento, porque ele não se restringe às grandes cidades. Toda cidade tem mais que um café e isso dá a possibilidade de trabalhar vários formatos. Pode ser uma loja como a nossa sede, com 750 metros², pode ser um espaço de 15 ou 50 metros², um quiosque e também uma Kombi. Qualquer lugar pode ser adaptado para fazer um bom café.”
O mercado de cafés especiais tem apresentado realmente grande crescimento, inclusive empresas internacionais estão também de olho no mercado brasileiro e estudando expansões de suas marcas, Zilli comenta que a concorrência é importante e que se as marcas de fora estão de olho no mercado nacional é porque há potencial e as marcas nacionais precisam aproveitar.
“A concorrência é positiva e importante porque faz você criar mais, se desenvolver mais. Principalmente quando você percebe que marcas internacionais estão de olho no Brasil. Ficamos contentes com o nosso plano de expansão, que podemos até considerar modesto, visto o tamanho do mercado. Nossa meta é chegar a 250 pontos até 2024. E principalmente quando temos um produto que é um commodity e independe de estação para ser consumido, basta adaptar com as diferentes formas de serví-lo.”
E acrescenta, “Nós também queremos olhar para o mercado internacional, porque o mundo ficou pequeno, tudo está muito acessível e isso é para todos, não apenas para as grandes marcas internacionais.”.
Para os modelos de franquia, o Café Cultura tem a política de dar todo o suporte aos franqueados, ajudando na pesquisa e avaliação do ponto comercial, na análise da concorrência, a estruturar o projeto e assessorar nas negociações em caso de espaços em shoppings. “Demos apoio aos candidatos de franquia e passamos a eles a visão de que ele está entrando com uma marca que já tem um prestígio, uma história, uma reputação e a gente pede que olhe para o bem-estar e a experiência que o consumidor vai ter. É isso que estamos oferecendo nessa loja e isso que queremos nas franquias.”
O novo formato da sede do Café Cultura
Sobre o novo formato que junta Café, Lab e Coworking, Carlos conta que é um espaço único em termos de Brasil e que pode ser replicado em outros lugares, inclusive internacionais.
“A nova loja com estrutura de coworking, café, lab, pet care, pode ser replicada em outros lugares, basta ter espaço, público e poder investir. Depende muito da vontade do empresário e ele entender se a região terá condições de absorver um projeto desse. A Lagoa, é um bairro de Florianópolis com 20 e poucos mil habitantes e tem muita gente circulando todos os dias, o dia todo, trazendo movimento constante. E também porque temos uma proposta diferente agora, onde muitos ficam aqui trabalhando, fazem reunião, então tomam café, almoçam e vão ficando. Temos também muitas empresas próximas que aproveitam nosso espaço.”.
As mudanças além de local e espaço também atingiram o cardápio do Café Cultura e Carlos explica como foi realizado esse processo que visa adequar às novas demandas do mercado.
“O cardápio é sempre elaborado em conjunto com os especialistas e adaptado para cada formato de loja. E como em qualquer loja, tiramos um produto e acrescentamos novos, é cíclico. Hoje está muito forte a visão de produtos saudáveis, veganos, e para entrar novas opções tem que sair outras, pois só incluir torna inviável para o negócio. Avaliamos isso dentro da Curva ABC, onde produtos que têm caído saem e dão espaço para outros. Da mesma maneira nos outros formatos de loja, onde os cardápios variam.”
Segundo Zilli, muito da experiência trazida da Imaginarium foi e continuará sendo aplicado no Café Cultura como experiência de expansão, de consumo, de desenvolvimento do produto e do serviço, de visual merchandising. E isso pode ser visto, além das mudanças no negócio, também na decoração do novo local.
“Esse olhar vintage, com detalhes retros e toda a parte de decoração é uma bagagem que veio da Imaginarium e a ideia é se sentir em casa. Esse é um ponto importante da nova loja, trazer o conceito de casa, principalmente porque quando um local nos lembra nossa casa não temos vontade de ir embora. O café traz ainda o cheirinho e o sabor de casa de vó.”
A crise e o mercado do café
A crise atingiu e ainda atinge as empresas brasileiras, a economia e a política nacional, mas o café tem escapado e apresenta crescimento. Essa fuga acontece por conta de dois pontos principais: não há tanta interferência externa e para enfrentar crises e dificuldades as pessoas precisam se unir, nos encontros é que encontram-se soluções e também busca-se distração e relaxamento e o café proporciona isso.
Segundo a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), o mercado registrou crescimento anual superior a 20% nos últimos anos e para 2018 a Euromonitor, que especializada em pesquisa de mercado, projeto novo crescimento de 19%, com movimento estimado em mais de R$2,500 bilhões. Segundo Vanusia Nogueira, diretora da BSCA, tem crescido o interesse por cafés especiais no país, com consumidores buscando cafés de origem, discutindo os atributos da bebida, procurando produtos de alta qualidade.
Ainda que o de cafés especiais venha ganhando espaço no país, o volume ainda é pequeno comparado ao segmento de cafés em geral. Segundo estudo da Euromonitor, as sacas produzidas equivalem a apenas 2,8% do mercado total. Porém, a tendência é que o café especial em grãos ganhe ainda mais relevância nas cafeterias e há a estimativa de que a produção alcance 5,1% do volume total até 2021, cerca de 1 milhão de sacas.
Quando falamos sobre expansão e empreendedorismo nesse mercado, Zilli também nos apresenta uma visão otimista “Como o emprego está diminuindo, as pessoas têm buscado seu próprio negócio e isso pode ser visto principalmente entre os jovens. Os pesquisas mostram que mais da metade dos universitários querem se tornar empresários, querem realizar seus vôos solos. Essa veia empreendedora nos jovens brasileiros é muito bacana.”.
O marketing do café brasileiro
O Brasil é o maior produtor e exportador de café do mundo, tem cafés maravilhosos, mas o marketing ainda precisa avançar. Há um caminho enorme para que o café brasileiro se torne referência mundial, não como produto exportado, mas como marca.
Segundo Carlos Zilli, o mais importante é construir uma marca que gere valor e o Brasil precisa evoluir com relação às marcas que possui. “Existem países bem menores que o Brasil e com marcas muito fortes, porque não é só o produto, mas as marcas que fazem a imagem do país.”.
A Colômbia é a terceira maior produtora, cerca de 1\3 da produção brasileira, mas tem uma penetração muito maior, pois o Governo Colombiano investe na marca “Café Colômbia” desde 1950 e também se destacam quando falamos sobre valor agregado, o que fez com o mundo pagasse mais pela marca. Enquanto o Brasil, mesmo com potencial, ainda se engatinha com a maior parte da exportação voltada apenas para a matéria prima.
Zilli vê no conceito de varejo o melhor caminho para confirmar uma marca, segundo o empresário as grandes marcas de café que conhecemos, foram construídas e se firmaram no varejo, na experiência diferenciada e proporcionada ao consumidor e é esse o futuro do Café Cultura, “Por uma boa experiência sempre se volta”, completa.
Paulo Cordeiro/Agencia Portal da Ilha |
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