Publicado em 08/08/2013
Salas que deveriam servir para os primeiros socorros foram transformadas em locais de internação. No setor de reanimação da Cardiologia, há pacientes entubados, com equipamentos de respiração expostos para o lado de fora das janelas da unidade. Entre os pacientes, muitos idosos.
O vai e vem dos enfermeiros e médicos que se esforçam no meio de tanta gente doente foi interrompido com a visita surpresa dos deputados, motivada por mais de 100 denúncias, por meio do SindSaúde, anotadas em formulários assinados por funcionários do hospital que clamam por mais estrutura de atendimento.
“Em diversas visitas que realizamos aqui, nunca presenciei uma situação tão grave. Agora vamos fazer um relatório e cobrar do governo do Estado e da Secretaria de Saúde. O governo sempre nos escuta, apresenta propostas, mas nunca uma solução definitiva. Falta assistência básica nos municípios, o que aumenta a procura nos hospitais”, disse Morastoni, que preside a Comissão de Saúde no Parlamento.
Representantes do SindSaúde acompanharam a visita dos deputados, que mereceu atenção de toda a imprensa da região. Pedro Paulo das Chagas, presidente do sindicato, revelou que a principal reclamação dos funcionários é a falta de estrutura para atender tantas pessoas. Chagas não soube informar a quantidade de pacientes internados na Emergência, alegando que a cada dia o número de internados só aumenta. “A reabertura do Hospital Florianópolis seria uma solução em curto prazo para o problema”, sugeriu.
À medida que a comitiva visitava os corredores, os deputados ouviam apelos desesperados de parentes de pessoas que esperam por leito e cirurgias há um mês em cadeiras e poltronas improvisadas, sem conforto, higiene e atendimento adequado para a recuperação. “Eu vejo muita gente morrer neste chão todo dia. São filhos lutando pela vida dos pais. Falta dignidade das autoridades para resolver os problemas”, denunciou Luiz Antero Guerra, estudante da 9ª fase de Medicina da Unisul, que faz estágio no Hospital Regional.
Com o olhar cansado e insatisfeita com o tratamento dedicado ao marido, Guacira Fagundes diz que a “culpa” não é dos funcionários. “O atendimento deles é ótimo. São pessoas excelentes que fazem o que podem. Mas falta estrutura”, disse Guacira, que acompanha o marido diabético na quinta internação no mesmo hospital. “Esta há 11 dias esperando um leito e a cirurgia. Vão ter que amputar a perna dele”.
Esta situação de espera pelo atendimento adequado é a causa do agravamento de muitas das enfermidades dos pacientes, conforme denunciou Luiz Antonio Silva, técnico em enfermagem que trabalha há quatro anos no Hospital Regional de São José. “A pessoa chega com um dedo azulado. Depois de tanta demora, tem de amputar o membro”, revelou.
Outro problema relatado para a demora nas cirurgias é a falta de anestesiologista, profissional indispensável para o procedimento. Essa situação foi conformada pela diretora do hospital, Marlise Rodrigues, que reconheceu os problemas do hospital. Ela se reuniu com os deputados no fim da visita.
“Chamamos 11 novos anestesiologistas, mas apenas um se apresentou”, argumentou Marlise. Segundo a diretora, o atendimento básico não é feito nos municípios da região, o que faz as pessoas buscarem o hospital.
Outra necessidade seria o encaminhamento de pacientes atendidos pelo Samu para a emergência do Hospital Celso Ramos, na Ilha. Hoje, de acordo com Marlise, a grande maioria é encaminhada para São José. “Vamos levar este pedido à secretária de Estado da Saúde. De alguma forma, procuramos atender todos os pacientes que nos procuram”.